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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Cavalheirismo conveniente

Quem nunca ouviu ou disse a frase: "Não existem mais cavalheiros hoje em dia!!" ???

A resposta é simples: "Também não existem mais damas!"

Eu acho impossível desassociar uma atitude historicamente considerada como cavalheirismo de uma atitude MACHISTA.

Se um homem faz algo por uma mulher que ela não precisa e não faz o mesmo para um homem que precisa, isso não é cavalheirismo, é MACHISMO.

Eu acredito que o tal “cavalheirismo” está totalmente ligado ao interesse de um homem por uma mulher e não necessariamente a um ato gentil. Gentileza se faz por qualquer pessoa, homem ou mulher, bonita ou feia, grande ou pequena, sem esperar por algum retorno afetivo ou algum outro interesse pessoal.

O Cavalheiro surgiu na época em que as mulheres (damas) não tinham direito a nada, eram objetos de troca para união de famílias sem amor e aumento de poder dos sobrenomes. O homem “cortejava” sua pretendente até a noite de núpcias e quando recebia seu dote.

Cavalheiros e Damas eram pessoas da nobreza e não plebeus. Esse conceito social foi se popularizando até que qualquer pessoa pudesse ser chamada assim.

Existem homens que não conseguem trocar pneu de carro, por não ter força, por não saber ou por algum problema de saúde que lhe impede, assim como tem mulheres que trocam pneu mais rápido que um homem.

O machismo nesse caso está quando você relaciona o cavalheirismo somente à mulher, quando julga todas elas como mais fracas e todos os homens mais fortes.

Existem pessoas mais fracas e mais fortes, com habilidades para certas coisas ou não, independente do sexo.

Voltando ao passado, a mulher não tinha influência na sociedade, não tinha salário, portanto o homem que pagava tudo, óbvio (não porque ele queria, mas porque todo mundo sabia que mulher não tinha dinheiro), não podia votar, não podia se divorciar e ainda por cima, teria que aturar para o resto da vida a verdadeira face daquele homem que antes era um cavalheiro (Que na verdade nunca existiu).

Ser cavalheiro é ser machista por considerar a mulher fisicamente, economicamente, e emocionalmente mais fraca. E ser dama é machista quando se faz uso disso, se tornando objeto de troca, como no passado.

Então, não dá para separar o homem cavalheiro do homem machista, se você não está disposta a suportar tudo que um “cavalheiro” pode lhe oferecer, não exija dele somente a parte que lhe convém.

Depois das pedradas, aparecem as perguntas: “Então você não faz nada para agradar as mulheres? Você não trata bem das mulheres? Como você consegue conquistar uma mulher?”

Bom, eu não faço nada para favorecer uma mulher sobre qualquer outra pessoa só pelo fato dela ser mulher. Nem faço nada que ela mesma não possa fazer. Trato e ajudo as pessoas pelas suas necessidades.

No dia que me interessei afetivamente por uma mulher, tratei ela diferente sim, não como um cavalheiro, pois busco trata-la diferente de qualquer outra mulher sempre, pois é a MINHA mulher, que divide sua vida comigo, vive bons e maus momentos ao meu lado e tem um significado completamente diferente do que se oferece como cavalheirismo e o que muitas mulheres têm esperado. O mesmo vale para minha mãe, que não é necessariamente uma mulher apenas, é minha mãe, não tem comparação com qualquer outro vínculo social.

O ideal mesmo, seria que as pessoas praticassem mais o bem comum e a gentileza pela real necessidade. Tanto para quem a oferece quanto para quem lhe é oferecida.

Obrigado pela leitura!!

Anderson Guerra

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