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terça-feira, 1 de novembro de 2005

Feito gota D'água

Das triagens de formatos que eu pudesse me tornar
Não pensaria muito tempo para findar meu sentimento
Sobre uma certeza pura, sem duvidar com nada
Que minha escolha seria de ser uma gota D’água

Teria forma branda e de alma transparente
De presença tão minuta, que nem de muita gente
Mas com um toque sobre a pele, não há um que não a sinta
Como um diamante maleável, uma jóia pequenina

Se de algum modo me sujaste, o astro rei me acolheria
Condensando-me até o céu, abandonando as impurezas
Formando uma enorme nuvem, com mais outras arrependidas

E o vento forte, com seu sopro do destino
Poria-me na direção do verdadeiro caminho
E eu desceria com firmeza na mira do meu alvo
Que ouviria a voz queixosa do meu arrependimento
E abraçaria com franqueza novamente a minha pureza

Nesses braços deitaria, derramando meu sossego
Misturando a minha paz com o calor desse abrigo
E como orvalho numa rosa, refrescaria suas pétalas
Formando um só perfume, com essência bem discreta
Insuprível ingrediente, como um amor que se completa

Na terra seca ingressaria, mas muito pouco realizaria
Em um solo depressivo que de tão só endurecia
Traria vida à meu tamanho, minha parte eu faria
E mostraria o seu valor, que há muito tempo se esquecia

Viveria no vento dos céus de cada povo
Aprofundar-me-ia mais em conhecer cada terra
Misturar-me-ia quantas vezes pudesse a formar perfumes
Até me sentir supridor e completo

Em uma flor como orvalho
Na terra dura a se irrigar
Como o vitelo saudoso de uma alma
Recheio regular de um coração
Ou na lamúria de puros olhos
Feito lágrimas de solidão